Um estudo sobre o Salmo 73: Os ímpios prosperam temporariamente.
Jonas Dias de Souza[1]
Neste mundo onde impera o amor ao
dinheiro, e principalmente ao dinheiro fácil. Neste mundo onde vemos
diuturnamente notícias de corrupção, malversação do dinheiro público,
enriquecimento ilícito, propinas e cachoeiras de desvio do dinheiro público.
Num mundo onde o grande escritor brasileiro Machado de Assis escreveu que o
homem honesto teria vergonha de existir. Num mundo em que padrões de
honestidade estão em extinção. Num mundo onde ser crente honesto é algo muito
difícil. Existira esperança? Existirá uma resposta para esta máquina propulsora
de impiedade, que arrasta para a sarjeta a honestidade e probidade
administrativa? Haverá solução?
É este o nosso objetivo: Esquadrinhar
o Salmo que nos mostra a solução há muito tempo desenhada pelas mãos divinas do
criador para estes parasitas da honestidade.
O Salmo 73
O Salmo 73 inicia a terceira
parte do livro de Salmos indo até
o Salmo 89. O objetivo desta parte dos Salmos
é mostrar que Deus é o soberano sobre sua criação e por consequência deste
mundo. Se ao diabo é atribuído o título de príncipe deste mundo, Deus é o
soberano que interfere na história, mostrando sua fidelidade e sendo fiel em
sua aliança firmada com seu povo. Esta divisão dos salmos nos lembra do nosso
dever de permanecermos fiéis em nossa adoração ao Todo-Poderoso. É um Salmo
cujo estilo é denominado de sapiencial.
O tema do Salmo 73 de acordo com
a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal é: “A prosperidade dos ímpios e as recompensas
duradouras dos justos. Devemos viver de modo santo e confiar que Deus nos dará
recompensas futuras.”
A autoria do Salmo 73: Compreender o autor para entender o Salmo.
Num contexto remoto vamos ao
livro de Crônicas para ver o momento de separação do autor deste salmo para o
serviço religioso no templo.
“E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o
ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com
Harpas, e com alaúdes, e com saltérios(...) “ (1 Cr 25.1)
Vemos antes em 1 Crônicas 6. 39
que Asafe estava á direita de seu irmão Hemã quando da nomeação por Davi,
colocando-os a frente do “Ofício do Canto da Casa do SENHOR”.
Asafe vinha diretamente da casa de Levi, e quando a
arca foi levada em repouso para Jerusalém, assim como em outras ocasiões, ele foi o cantor oficial. Assim como esteve presente quando a arca foi
levada para o santuário do templo conforme 2 Crônicas 5.12
Historiadores reconhecem que a
influência de Asafe foi além de cantar e chegou até a composição dos Salmos.
Além do Salmo 50, os Salmos 73 a 83, que formariam uma cantata.
Vemos que no tempo do rei
Ezequias, quando este restabelece o culto a Deus, Asafe é mencionado como
autor. “Então, o rei Ezequias e os
maiorais disseram aos Levitas que louvassem ao SENHOR com as palavras de Davi e
de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria, e se inclinaram, e adoraram.” (2
Crônicas 29.30)
Esta afirmação do rei Ezequias é
tomada como forte indício de que Asafe foi de fato autor de alguns Salmos,
muito embora, haja aqueles que acreditam que os Salmos foram todos escritos por
Davi e alguns indicados especificamente para que fossem cantados por asafe.
Por sua vez, o profeta Neemias
nos fornece um rumo, ao afirmar que Davi e Asafe eram distintos dos chefes dos
cantores. Com relação a Davi fica fácil entender pois este era o Rei, mas
quando lemos que “Porque, já nos dias de
Davi e de asafe, desde a antiguidade havia chefes dos cantores, e cânticos de
louvores, e ação de Graças a Deus” (Neemias 12.46), é possível ver que Asafe ocupava uma posição
que o tornava distinto dos demais chefes de cantores.
Discorrer sobre a autoria do
Salmo é fundamental para entendermos o escopo do ensino que ele nos traz, o
cerne de seu ensinamento. Em um contexto
humano vemos que Asafe não era qualquer um quando se tratava do serviço no
templo. Possuía uma colocação de destaque na frente dos trabalhos de adoração a
Deus. Quando dizemos num contexto humano, é porque diante de Deus todos
possuímos singular importância.
Asafe é um satélite que orbita a
lua de Davi por assim dizer, na autoria dos salmos. A ele são atribuídos onze
dos 150 salmos.
Uma curiosidade sobre o Salmo 73: Ajudando a memória
No que respeita ao tema, o Salmo
73 é idêntico ao 37. A inversão dos números
destes Salmos é uma grande ajuda no processo de aprendizagem, ambos tratam da
prosperidade atual dos homens
impiedosos.
A confiança em Deus deve ser a
pedra de sustentação de todas as ações humanas e principalmente no que respeita
ao que há de vir sobre os homens maus citados no primeiro parágrafo. O salmo 37
faz um contraste vívido entre o homem mau e o homem justo.
A divisão do Salmo 73
O Salmo 73 possui 28 versículos.
No versículo 1, Asafe faz uma declaração de sua confiança em
Deus e de como, mesmo debaixo de um grande conflito interno, sabe que seu pé
repousa sobre uma rocha. Faz um relato deste conflito interior.
Do versículo 2 até o versículo
14, Asafe descreve e declara a tentação que pesa sobre ele.
Do versículo 15 ao versículo 17,
o salmista Asafe sente uma confusão sobre como deverá agir. Como descobrir esta
forma de ação? Mas encontra um livramento para o dilema que o assola.
Do versículo 18 a 20, Asafe
descreve a sorte que cabe aos ímpios. Logo em seguida do 21 ao 24 ele condena a
sua própria estultícia e louva a Graça redentora de Deus.
Os demais versículos são a
conclusão, onde Asafe renova a sua lealdade a Deus. É em Deus que ele se
deleita. Deus se trona novamente sua porção de refrigério e de alívio. Deus
novamente é o Sumo Pastor.
O Salmo 73 versículo a versículo. Uma aplicação na vida moderna.
“Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de
coração.” (Sl 73.1)
Israel foi o destinatário das
bênçãos de Deus em quantidade, variedade, em seletividade, qualidade, duração e
segurança. Limpo aqui é aquele escolhido significando pureza de coração e
singeleza. Limpo é um adjetivo típico dos livros poéticos. Significa ainda,
puro, brilhante.
O coração é tido na cultura da
época como o órgão mais interior. O uso deste vocábulo (coração) refere-se
àquela disposição interior cujo discernimento pertence a Deus.
“Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para
que escorregassem os meus passos.” (Sl 73.2)
O salmista aqui escreve após
passar a prova. Isto acontece conosco muitas vezes, durante as provas, não
sabemos como produzir. Mas depois do aprendizado é que as pérolas fluem em
caudal nos sermões brilhantes dos púlpitos. Por isto quanto maior a prova,
maior é a benção a ser testemunhada diante da congregação.
O desviar-se do caminho é algo
que está na iminência daqueles que não vigiam e não oram. O crente pode
perfeitamente cair de sua posição. Precisamos aprender a fazer um retrospecto
de nossas escorregadas com vistas a prevenir novas quedas no futuro. Para Asafe, faltou muito pouco para que
saísse da presença de Deus.
“Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios”.
(Sl 73.3)
Não é diferente no mundo de hoje.
Os soberbos prosperam a olhos vistos.
São os mesmos do primeiro parágrafo. Personagens que hoje se refestelam
do erário público em prol de sua vida particular.
“Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força.” (Sl
73.4)
Até a morte dos soberbos é
cercada de glamour. São chorados por carpideiras que sentirão a saudade do
despojo roubado e que garantia a botija cheia. Tornam-se heróis nacionais à
custa de um povo sofrido e espoliado. Como o pastor que se apropria das lãs de
suas ovelhas e as deixam sem curar suas feridas. Vejam nos cemitérios as
grandes lápides, os túmulos nababescos a enfeitar o apodrecer dos ossos. Até a
morte do ímpio é serena.
“Não se acham em trabalhos como outra gente, nem são afligidos como
outros homens.” (Sl 73.5)
A parte que cabe ao bastardo
nesta terra é uma porção (do ponto de vista meramente humano) melhor. O ímpio
não sofre as aflições do mundo porque já pertencem ao mundo. Teria sentido a
preocupação de satanás com aqueles que já os pertencem?
O crente está no mundo, mas não
pertence ao mundo. E vencerá (assim como Asafe) as tentações deste mundo.
“Pelo que a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como
um adorno”. (Sl 73.6)
Mesmo centralizados em si mesmo
os ímpios desfrutam (momentaneamente) de uma paz material. Mas o prefeito que
transforma a verba da merenda escolar em um carro para sua filha desfilar pela
pequena cidade que Deus colocou sob sua autoridade deverá num futuro próximo
prestar contas desta improbidade administrativa e deste furto.
A violência se traveste de várias
formas. E para os ímpios são como adornos, dado às suas insensibilidades e
falta de ética.
Lembre-se de que uma das três
coisas condenadas é a “soberba da vida”.
“Os olhos deles estão inchados de gordura; superabundam as imaginações
de seu coração”. (Sl 73.7)
O coração deste versículo é o
inverso do coração do versículo 1. A arrogância dos soberbos é colocada a
mostra de contínuo diante de uma sociedade honesta. E a falta de importância
para com os semelhantes superabunda nos corações dos malvados. O coração do
ímpio descarta Deus de suas vidas. E entre seus pares alardeiam seus feitos com
olhos saltitantes de cobiça e ganância e até numa suposta esperteza. A opulência e a luxúria são um perigo
iminente na vida destas pessoas.
“São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam
arrogantemente.” (Sl 73.8)
A ausência de ética, de
moralidade e de Deus em seus corações o tornam “livres” para praticar a
maldade, mas não os isenta de uma prestação de conta no juízo final, diante do
tribunal dos justos, no momento de ouvir a sentença, verão que não possuem seus
nomes no livro da vida. A língua soberba possui uma estreita ligação com um
coração corrupto.
“Erguem a sua boca contra os céus,
e a sua língua percorre a terra.” (Sl 73.9)
Não há limite para a língua do
homem mal, ele inclusive não respeita sequer a santidade do SENHOR. Com os falsos discursos de forma a convencer o
povo simples, o ímpio está na verdade blasfemando contra os céus.
“Pelo que seu povo volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem.”
(Sl 73.10)
A taça do crente não é doce. Pelo
contrário é uma taça amarga. A teologia da prosperidade tenta transformar as
provações em conseqüências de pecado, mas não é isto verdade. A amargura da
taça do crente reside na sua luta contra as potestades e as hostes espirituais.
Mas ao mesmo tempo tem a seu favor a armadura de Deus. Embora o copo do crente seja limitado, ele
recebe o bem no mais alto grau. O copo oferecido pelo homem ímpio é cheio de má
bebida, e a eles por incrível que pareça, acorrem muitos povos e são enganados.
“E dizem: Como o sabe Deus? Ou: Há conhecimento no altíssimo? (Sl
73.11)
Esta pergunta é típica do ateu. É
a pergunta realizada pelo opressor em sua forma prática. È a pergunta de forma
tímida pelo crente (santo) fraco na fé (receoso). Nada há que fique encoberto nesta vida. Tudo
haverá de vir a tona, revelando a falcatrua dos gananciosos e ladrões soberbos,
e também dos santos.
“Eis que estes são ímpios; e, todavia, estão sempre em segurança, e se
lhes aumentam a riqueza.” (Sl 73.12)
O crente deve ter especial
atenção com aquelas que estão ostentando riquezas. Especial atenção significa
mostrar cautela. Não que seja pecado ser rico. E este artigo não é um ódio à
riqueza. Mas há riquezas suspeitas. Estilos de vida licenciosos que não
convidam com a vida de santidade do crente. Por vezes por motivos diversos, os
crentes são levados a conviver bem de perto com tais pessoas, é nestes momentos
que a vigilância deve ser constante, aliada à oração ininterrupta.
A riqueza tem vários sentidos.
Vai desde a aquisição de bens de forma a contraria a ética e a moral, até
aquelas benesses simples, como uma promoção no trabalho mediante artifícios
escusos. Asafe provavelmente estava vivenciando este enriquecer e crescer de
pessoas que não estavam vivendo uma vida de santidade naquela época. Investigações sérias devem ser feitas a
respeito de pessoas que estão enricando de forma rápida e sem demonstrar uma
vida de trabalho.
“Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração e lavado as
minhas mãos na inocência.” (Sl 73.13)
Asafe começa a duvidar se sua
vida piedosa valeria a pena. Asafe (pela cultura de sua época) deve ter
participado das escolas de profeta ou sapienciais. A tradição cria que a
riqueza era a benção de Deus sobre os justos. O salmista agora se vê diante de
exceções desta, digamos, regra de fé. Vê o crescimento material de pessoas que
não mostravam sinceridade para com Deus. E isto o levava ao conflito interno, a
ponto de atormentá-lo. Não percebemos grandes mudanças na vida moderna, onde a
prosperidade dos ímpios continua a todo vapor.
“Pois todo dia tenho sido afligido e castigado cada manhã.” (Sl 73.14)
Incrível como o justo é submetido
à provação nesta terra. Manhã após manhã. Mas isto é para que o metal impuro
seja separado do ouro puro, por intermédio do cadinho divino. Este processo é
melhor enfrentado quando aprendemos no livro de Hebreus que a correção de Deus
se dá por causa de seu intenso amor por aqueles que a Ele chega por meio de
Jesus Cristo. A este respeito é altamente recomendado ler Hebreus 12, fim ver o
exemplo de Cristo nas provações. Deus corrige os filhos que ama. Em
compensação, nos aguarda uma coroa incorruptível que sequer pode ser comparada
às frugais riquezas terrenas as quais os ímpios têm acesso nesta terra.
“Se eu dissesse: Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de
teus filhos.” (Sl 73.15)
Quando Paulo nos ensina que não
devemos escandalizar os fracos na fé, encontramos uma referência a este texto,
mesmo que por inferência. As nossas certezas devem ser levadas aos outros, mas,
as nossas dúvidas devem ser levadas somente e somente só a Deus. Os problemas
que o intelecto humano não compreende, deve ser colocado diretamente a Deus. Se
há alguma forma que podemos de fato causar prejuízos aos Santos (crentes) é
através de nossas murmurações e dúvidas.
“Quando pensava em compreender isto fiquei sobremodo perturbado” (Sl
73.16)
Ao mostrar a Jesus o mundo que
seria lhe dado caso o adorasse, em outras palavras, era desta prosperidade dos
ímpios que o diabo falava. Ao crente e principalmente o salmista, é muito
difícil compreender isto, sem a real presença do Espírito santo.
Ao recorrermos a Bíblia de Estudo
Palavras Chave, no Dicionário do Antigo Testamento, vemos que este vocábulo
“perturbado”, assume o sentido de
“trabalhar duramente com enfado”, e está associada a tristeza. E não é assim?
Quando nos propomos a compreender as injustiças desta vida sem a luz do
Espírito Santo, nos sentimos tristes e perturbados, fadigados em nosso
espírito. Isto é porque, nesta primeira parte deste salmo, o Asafe tentou
compreender o que estava vendo com seus olhos naturais. Ele não estava
confiando no Espírito Santo de Deus, e sim estava sendo auto-suficiente em suas
próprias forças.
“até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles”.
(Sl 73.17)
Temos aqui uma verdadeira
conseqüência da participação ativa numa Escola Bíblica Dominical (EBD)séria,
bem conduzida e comprometida com os ensinos bíblicos. Ao entrar no santuário do
Deus altíssimo, abrem se o entendimento dos justos com relação aos problemas desta
vida. Daí ser de extrema importância o participar na congregação. Temos aqui uma das lições aprendidas ao entrar no
lugar santo, que é compreender o fim dos ímpios. Eis neste versículo um exemplo prático da
importância da comunhão com os crentes e da instrução através da aplicação nos
cultos de doutrina e ensino. Infelizmente a (EBD) e os cultos de doutrina estão
sendo substituídos por movimentos apenas. Movimentos ligados ao emocional,
relegando o culto racional a outros planos. O salmista é surpreendido
provavelmente no momento do canto congregacional, por aquelas iluminações que
recebemos quando o Espírito Santo fala aos crentes na casa de Deus.
“Certamente, tu os pusestes em lugares escorregadios; tu os lanças em
destruição.”(Sl 73.18)
Os ímpios estão sempre expostos a
justiça repentina e corretiva de Deus. Vemos nesta vida destruição súbita e
inesperada de pessoas ligadas a impiedade. Isto é visto de modo espiritual,
quando aprendemos que quem anda em terrenos escorregadios está sujeito a cair a
qualquer momento. Lembrem-se da parábola da casa na areia e de repente vem um
vento e a derruba.
Não há aviso antes da queda do
ímpio e este ainda leva de roldão seus cúmplices. Há ainda o fato de que aquele
que anda em terrenos lisos pode cair sozinho sem a ajuda de ninguém. Podemos
até dizer que é a força da gravidade posta a serviço da Justiça divina.
Aprendamos com Jonathan Edwards
que disse certa vez “Nada há que segura
homens maus em algum momento fora do inferno senão a vontade de Deus.”
Vemos que o fim dos ímpios está perto. É uma
sentença judicial e repentina.
“Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos
de terrores.” (Sl 73.19)
A
sentença judicial inclui ainda os tormentos de terrores que os consomem.
Lembrem-se da parábola do Rico e de Lázaro.
Temos esta parábola no Livro de
Lucas 16.19-31. Nesta história Lázaro é o único que tem nome. Lázaro é abreviação de uma expressão hebraica
que significa “aquele que Deus ajuda”.
As humilhações nesta terra são
promessas de uma vida melhor ao lado de Deus, contudo, está atrelada à
fidelidade que temos com Deus. O salmo mostra neste versículo a primeira visão
do inferno aterrador, apresentado ao ímpio que morreu em paz.
“Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares,
desprezarás a aparência deles.” (Sl 73.20)
Quando é chamado até a presença
de Deus, o ímpio, o rico que não se desfez das riquezas como o jovem rico da
parábola, não entrará nas dependências do céu. A aparência dos ímpios para Deus
é assemelhada a um objeto sobre o qual se tem desprezo. É vil. Asafe começa a ter vergonha de ter avaliado a
situação de forma superficial, pois afinal, o que importa é o fim da caminhada.
A vida será melhor examinada, quando examinada à luz da eternidade.
“Asafe percebeu que o rico deposita sua esperança, alegria e confiança
em suas riquezas; ele vive em um mundo de sonhos que existe somente em sua
mente. Não deixe que as metas de sua vida sejam tão irreais de forma que você
venha acordar tarde demais e perder de vista a realidade sobre Deus. A
felicidade e a esperança devem basear-se no eterno, não em bens materiais. Como
só Deus conhece a verdade, devemos aproximar-nos dEle tanto quanto possível, a
fim de sermos realista em relação a vida”. (BAP p. 785)
“Assim, o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.” (Sl
73.21)
A nossa capacidade de pensamento
e de meditação é estraga e impedida pela amargura que carregamos em nossos
corações a respeito dos ímpios e seus triunfos. Somente o Espírito Santo pode
sarar-nos.
“Assim, me embruteci e nada sabia; era como animal perante ti.” (Sl
73.22)
Este é o efeito de nossa
insensibilidade a voz do Espírito Santo de Deus. Efeito de nossa ignorância nas
coisas espirituais. E ao mesmo tempo a demonstração da Graça Divina sobre nós.
Lembremos da letra do hino 205 da Harpa Cristã (hinário utilizado nas igrejas
assembléias de Deus), que diz em seu refrão: Graça, graça, a mim basta graça
de Deus: Jesus”.
“Todavia, estou de contínuo contigo; tu me seguraste pela mão direita.”
(Sl 73.23)
O salmista expressa de maneira
inequívoca sua confiança em Deus. Coloca-se e reconhece que Deus é presente e
direciona sua vida. É assim com os servos de Deus. Mesmo que nossas forças
falhem, é Deus quem está no controle. A esperança do crente em Cristo está no
fato de que seremos ressuscitados para servirmos a Deus eternamente nas Mansões
Celestiais. E esta esperança não pode ser somente teórica, mas, uma concreta
esperança plantada em nós pela ação do Espírito santo de Deus em nossas vidas.
“Guiar-me ás com teu conselho e, depois, me receberás em Glória.” (Sl
73.24)
Deus é o pastor de suas ovelhas,
e as leva até os pastos verdejantes. E ainda fornece conselhos para esta
caminhada que é a vida. Como receber estes conselhos? Ficar sensível a voz do
Espírito Santo. Os que confiam serão recebidos em Glória no céu, ao passo que,
os ímpios receberão os tormentos eternos no sheol.[2]
É importante notar, que temos que
escutar os conselhos de Deus, para que a segunda ação se concretize.
“A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje
além de ti.” (Sl 73.25)
Tal qual a corça emite seus
suspiros por causa das águas, pois esta representa a sua salvação. O crente
suspira pela presença de Deus na sua vida. A alma do salmista tem sede de Deus.
Devemos tomar o salmo como inspiração para desejarmos a deus em sinceridade.
Somente um Deus há que criou o céu e a terra, e é este que encontra-se no céu
de onde dirige aqueles que confiam suas vidas a Ele. O crente deve despojar de
si toda ira, toda maledicência e toda palavra que seja torpe. Não deve ser
malicioso. Porque esta é uma forma de demonstrar o quanto ansiamos por Deus.
“A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do
meu coração e a minha porção para sempre.” (Sl 73.26)
O salmista diz que sua carne e
seu coração poderão ser vencidos pela fraqueza. Contudo, ele encontra o consolo
no fato de que tomando nota do quanto sua carne é frágil, e tudo colocando no
altar ele vê a sua florescer pela ação de Deus em sua vida. Assim, somos nós,
nesta época moderna, somos quase vencidos pelas vicissitudes da vida, e de
repente ao dobrarmos os joelhos em oração, vemos e temos a força renovada para
seguir a jornada e não desviar do caminho.
“Pois eis que os que se alongam de ti perecerão; tu tens destruído
todos aqueles que, apostatando, se desviam de ti.” (Sl 73.27)
A apostasia é caracterizada pelo
abandono da fé, e por último grau com uma revolta contra Deus. Por várias ocasiões, o ímpio foi uma pessoa
que esteve alinhavada pelos pensamentos de Cristo, mas por amar demais o mundo
e o que nele é possível encontrar, acaba se tornando um apóstata. O que o salmista nos fala é das tristes condições;
terríveis punições daqueles que se desviam dos caminhos de Deus.
“Mas, para mim, bom é
aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no SENHOR Deus, para anunciar todas
as tuas obras.” (Sl 73.28)
A linguagem da oração nos diz que
bom é estar em Deus. A linguagem da fé nos diz que devemos fazer de Deus o
nosso soberano SENHOR. A linguagem do louvor nos faz proclamar os feitos de
Deus.
A aproximação nossa de Deus é uma
demonstração de nossa sabedoria inspirada pelo Espírito Santo.
Se aqui na terra já conhecemos o
amor de Deus, através das bênçãos e dos livramentos que recebemos; quem dirá de
uma eternidade inteira coberto por estas bênçãos divinais.
Para aqueles que quiserem uma
comunhão com Deus aqui nesta terra, terão comunhão eternamente no céu.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Estudo
Palavras-chave Hebraico e Grego.
(2011). Rio de Janeiro, RJ: CPAD.
Bíblia Shedd. (2008). São Paulo: Vida Nova.
Bruce, F. (2008). Comentário
Biblico NVI. São Paulo, SP: Vida.
CPAD. (2009). Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal.
CPAD. (2008). Harpa
Cristã. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus.
Gardner, P. (2005). Quem
é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida.
Sociedade Bíblica do
Brasil. A Bíblia Sagrada- Harpa Cristã. Barueri, SP: Casa Publicadora
das Assembléias de Deus.
[1]
Servo de Deus. Congrega na Assembleia de Deus Missões na cidade de São João Del-Rei/MG.
Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ). É
estudante do Primeiro ciclo da graduação livre de Teologia e Bíblia da EETAD.
[2] Sheol é uma palavra hebraica traduzida por
inferno.
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