domingo, 5 de julho de 2020

Um estudo sobre o Salmo 73: Os ímpios prosperam temporariamente.



Um estudo sobre o Salmo 73: Os ímpios prosperam temporariamente.
Jonas Dias de Souza[1]
Neste mundo onde impera o amor ao dinheiro, e principalmente ao dinheiro fácil. Neste mundo onde vemos diuturnamente notícias de corrupção, malversação do dinheiro público, enriquecimento ilícito, propinas e cachoeiras de desvio do dinheiro público. Num mundo onde o grande escritor brasileiro Machado de Assis escreveu que o homem honesto teria vergonha de existir. Num mundo em que padrões de honestidade estão em extinção. Num mundo onde ser crente honesto é algo muito difícil. Existira esperança? Existirá uma resposta para esta máquina propulsora de impiedade, que arrasta para a sarjeta a honestidade e probidade administrativa? Haverá solução?
É este o nosso objetivo: Esquadrinhar o Salmo que nos mostra a solução há muito tempo desenhada pelas mãos divinas do criador para estes parasitas da honestidade.
O Salmo 73
O Salmo 73 inicia a terceira parte do livro de Salmos indo até
o Salmo 89. O objetivo desta parte dos Salmos é mostrar que Deus é o soberano sobre sua criação e por consequência deste mundo. Se ao diabo é atribuído o título de príncipe deste mundo, Deus é o soberano que interfere na história, mostrando sua fidelidade e sendo fiel em sua aliança firmada com seu povo. Esta divisão dos salmos nos lembra do nosso dever de permanecermos fiéis em nossa adoração ao Todo-Poderoso. É um Salmo cujo estilo é denominado de sapiencial.
O tema do Salmo 73 de acordo com a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal é:  “A prosperidade dos ímpios e as recompensas duradouras dos justos. Devemos viver de modo santo e confiar que Deus nos dará recompensas futuras.”
A autoria do Salmo 73: Compreender o autor para entender o Salmo.
Num contexto remoto vamos ao livro de Crônicas para ver o momento de separação do autor deste salmo para o serviço religioso no templo.
“E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com Harpas, e com alaúdes, e com saltérios(...) “ (1 Cr 25.1)
Vemos antes em 1 Crônicas 6. 39 que Asafe estava á direita de seu irmão Hemã quando da nomeação por Davi, colocando-os a frente do “Ofício do Canto da Casa do SENHOR”.
Asafe  vinha diretamente da casa de Levi, e quando a arca foi levada em repouso para Jerusalém, assim como em outras ocasiões,  ele foi o cantor oficial.  Assim como esteve presente quando a arca foi levada para o santuário do templo conforme 2 Crônicas 5.12
Historiadores reconhecem que a influência de Asafe foi além de cantar e chegou até a composição dos Salmos. Além do Salmo 50, os Salmos 73 a 83, que formariam uma cantata.
Vemos que no tempo do rei Ezequias, quando este restabelece o culto a Deus, Asafe é mencionado como autor. “Então, o rei Ezequias e os maiorais disseram aos Levitas que louvassem ao SENHOR com as palavras de Davi e de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria, e se inclinaram, e adoraram.” (2 Crônicas 29.30)
Esta afirmação do rei Ezequias é tomada como forte indício de que Asafe foi de fato autor de alguns Salmos, muito embora, haja aqueles que acreditam que os Salmos foram todos escritos por Davi e alguns indicados especificamente para que fossem cantados por asafe.
Por sua vez, o profeta Neemias nos fornece um rumo, ao afirmar que Davi e Asafe eram distintos dos chefes dos cantores. Com relação a Davi fica fácil entender pois este era o Rei, mas quando lemos que “Porque, já nos dias de Davi e de asafe, desde a antiguidade havia chefes dos cantores, e cânticos de louvores, e ação de Graças a Deus” (Neemias 12.46),  é possível ver que Asafe ocupava uma posição que o tornava distinto dos demais chefes de cantores.
Discorrer sobre a autoria do Salmo é fundamental para entendermos o escopo do ensino que ele nos traz, o cerne de seu ensinamento.  Em um contexto humano vemos que Asafe não era qualquer um quando se tratava do serviço no templo. Possuía uma colocação de destaque na frente dos trabalhos de adoração a Deus. Quando dizemos num contexto humano, é porque diante de Deus todos possuímos singular importância.
Asafe é um satélite que orbita a lua de Davi por assim dizer, na autoria dos salmos. A ele são atribuídos onze dos 150 salmos.
Uma curiosidade sobre o Salmo 73: Ajudando a memória
No que respeita ao tema, o Salmo 73 é idêntico ao 37.  A inversão dos números destes Salmos é uma grande ajuda no processo de aprendizagem, ambos tratam da prosperidade atual dos homens  impiedosos.
A confiança em Deus deve ser a pedra de sustentação de todas as ações humanas e principalmente no que respeita ao que há de vir sobre os homens maus citados no primeiro parágrafo. O salmo 37 faz um contraste vívido entre o homem mau e o homem justo.
A divisão do Salmo 73
O Salmo 73 possui 28 versículos.
No versículo 1,  Asafe faz uma declaração de sua confiança em Deus e de como, mesmo debaixo de um grande conflito interno, sabe que seu pé repousa sobre uma rocha. Faz um relato deste conflito interior.
Do versículo 2 até o versículo 14, Asafe descreve e declara a tentação que pesa sobre ele.
Do versículo 15 ao versículo 17, o salmista Asafe sente uma confusão sobre como deverá agir. Como descobrir esta forma de ação? Mas encontra um livramento para o dilema que o assola.
Do versículo 18 a 20, Asafe descreve a sorte que cabe aos ímpios. Logo em seguida do 21 ao 24 ele condena a sua própria estultícia e louva a Graça redentora de Deus.
Os demais versículos são a conclusão, onde Asafe renova a sua lealdade a Deus. É em Deus que ele se deleita. Deus se trona novamente sua porção de refrigério e de alívio. Deus novamente é o Sumo Pastor.
O Salmo 73 versículo a versículo. Uma aplicação na vida moderna.
“Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.” (Sl 73.1)
Israel foi o destinatário das bênçãos de Deus em quantidade, variedade, em seletividade, qualidade, duração e segurança. Limpo aqui é aquele escolhido significando pureza de coração e singeleza. Limpo é um adjetivo típico dos livros poéticos. Significa ainda, puro, brilhante.
O coração é tido na cultura da época como o órgão mais interior. O uso deste vocábulo (coração) refere-se àquela disposição interior cujo discernimento pertence a Deus.
“Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.” (Sl 73.2)
O salmista aqui escreve após passar a prova. Isto acontece conosco muitas vezes, durante as provas, não sabemos como produzir. Mas depois do aprendizado é que as pérolas fluem em caudal nos sermões brilhantes dos púlpitos. Por isto quanto maior a prova, maior é a benção a ser testemunhada diante da congregação.
O desviar-se do caminho é algo que está na iminência daqueles que não vigiam e não oram. O crente pode perfeitamente cair de sua posição. Precisamos aprender a fazer um retrospecto de nossas escorregadas com vistas a prevenir novas quedas no futuro.  Para Asafe, faltou muito pouco para que saísse da presença de Deus.
“Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios”. (Sl 73.3)
Não é diferente no mundo de hoje. Os soberbos prosperam a olhos vistos.  São os mesmos do primeiro parágrafo. Personagens que hoje se refestelam do erário público em prol de sua vida particular.
“Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força.” (Sl 73.4)
Até a morte dos soberbos é cercada de glamour. São chorados por carpideiras que sentirão a saudade do despojo roubado e que garantia a botija cheia. Tornam-se heróis nacionais à custa de um povo sofrido e espoliado. Como o pastor que se apropria das lãs de suas ovelhas e as deixam sem curar suas feridas. Vejam nos cemitérios as grandes lápides, os túmulos nababescos a enfeitar o apodrecer dos ossos. Até a morte do ímpio é serena.
“Não se acham em trabalhos como outra gente, nem são afligidos como outros homens.” (Sl 73.5)
A parte que cabe ao bastardo nesta terra é uma porção (do ponto de vista meramente humano) melhor. O ímpio não sofre as aflições do mundo porque já pertencem ao mundo. Teria sentido a preocupação de satanás com aqueles que já os pertencem?
O crente está no mundo, mas não pertence ao mundo. E vencerá (assim como Asafe) as tentações deste mundo.
“Pelo que a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como um adorno”. (Sl 73.6)
Mesmo centralizados em si mesmo os ímpios desfrutam (momentaneamente) de uma paz material. Mas o prefeito que transforma a verba da merenda escolar em um carro para sua filha desfilar pela pequena cidade que Deus colocou sob sua autoridade deverá num futuro próximo prestar contas desta improbidade administrativa e deste furto.
A violência se traveste de várias formas. E para os ímpios são como adornos, dado às suas insensibilidades e falta de ética.
Lembre-se de que uma das três coisas condenadas é a “soberba da vida”.
“Os olhos deles estão inchados de gordura; superabundam as imaginações de seu coração”. (Sl 73.7)
O coração deste versículo é o inverso do coração do versículo 1. A arrogância dos soberbos é colocada a mostra de contínuo diante de uma sociedade honesta. E a falta de importância para com os semelhantes superabunda nos corações dos malvados. O coração do ímpio descarta Deus de suas vidas. E entre seus pares alardeiam seus feitos com olhos saltitantes de cobiça e ganância e até numa suposta esperteza.  A opulência e a luxúria são um perigo iminente na vida destas pessoas.
“São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente.” (Sl 73.8)
A ausência de ética, de moralidade e de Deus em seus corações o tornam “livres” para praticar a maldade, mas não os isenta de uma prestação de conta no juízo final, diante do tribunal dos justos, no momento de ouvir a sentença, verão que não possuem seus nomes no livro da vida. A língua soberba possui uma estreita ligação com um coração corrupto.
“Erguem a sua boca contra os céus,  e a sua língua percorre a terra.” (Sl 73.9)
Não há limite para a língua do homem mal, ele inclusive não respeita sequer a santidade do SENHOR.  Com os falsos discursos de forma a convencer o povo simples, o ímpio está na verdade blasfemando contra os céus.
“Pelo que seu povo volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem.” (Sl 73.10)
A taça do crente não é doce. Pelo contrário é uma taça amarga. A teologia da prosperidade tenta transformar as provações em conseqüências de pecado, mas não é isto verdade. A amargura da taça do crente reside na sua luta contra as potestades e as hostes espirituais. Mas ao mesmo tempo tem a seu favor a armadura de Deus.  Embora o copo do crente seja limitado, ele recebe o bem no mais alto grau. O copo oferecido pelo homem ímpio é cheio de má bebida, e a eles por incrível que pareça, acorrem muitos povos e são enganados.
“E dizem: Como o sabe Deus? Ou: Há conhecimento no altíssimo? (Sl 73.11)
Esta pergunta é típica do ateu. É a pergunta realizada pelo opressor em sua forma prática. È a pergunta de forma tímida pelo crente (santo) fraco na fé (receoso).  Nada há que fique encoberto nesta vida. Tudo haverá de vir a tona, revelando a falcatrua dos gananciosos e ladrões soberbos, e também dos santos.
“Eis que estes são ímpios; e, todavia, estão sempre em segurança, e se lhes aumentam a riqueza.” (Sl 73.12)
O crente deve ter especial atenção com aquelas que estão ostentando riquezas. Especial atenção significa mostrar cautela. Não que seja pecado ser rico. E este artigo não é um ódio à riqueza. Mas há riquezas suspeitas. Estilos de vida licenciosos que não convidam com a vida de santidade do crente. Por vezes por motivos diversos, os crentes são levados a conviver bem de perto com tais pessoas, é nestes momentos que a vigilância deve ser constante, aliada à oração ininterrupta.
A riqueza tem vários sentidos. Vai desde a aquisição de bens de forma a contraria a ética e a moral, até aquelas benesses simples, como uma promoção no trabalho mediante artifícios escusos. Asafe provavelmente estava vivenciando este enriquecer e crescer de pessoas que não estavam vivendo uma vida de santidade naquela época.  Investigações sérias devem ser feitas a respeito de pessoas que estão enricando de forma rápida e sem demonstrar uma vida de trabalho.
“Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração e lavado as minhas mãos na inocência.” (Sl 73.13)
Asafe começa a duvidar se sua vida piedosa valeria a pena. Asafe (pela cultura de sua época) deve ter participado das escolas de profeta ou sapienciais. A tradição cria que a riqueza era a benção de Deus sobre os justos. O salmista agora se vê diante de exceções desta, digamos, regra de fé. Vê o crescimento material de pessoas que não mostravam sinceridade para com Deus. E isto o levava ao conflito interno, a ponto de atormentá-lo. Não percebemos grandes mudanças na vida moderna, onde a prosperidade dos ímpios continua a todo vapor.
“Pois todo dia tenho sido afligido e castigado cada manhã.” (Sl 73.14)
Incrível como o justo é submetido à provação nesta terra. Manhã após manhã. Mas isto é para que o metal impuro seja separado do ouro puro, por intermédio do cadinho divino. Este processo é melhor enfrentado quando aprendemos no livro de Hebreus que a correção de Deus se dá por causa de seu intenso amor por aqueles que a Ele chega por meio de Jesus Cristo. A este respeito é altamente recomendado ler Hebreus 12, fim ver o exemplo de Cristo nas provações. Deus corrige os filhos que ama. Em compensação, nos aguarda uma coroa incorruptível que sequer pode ser comparada às frugais riquezas terrenas as quais os ímpios têm acesso nesta terra.
“Se eu dissesse: Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos.” (Sl 73.15)
Quando Paulo nos ensina que não devemos escandalizar os fracos na fé, encontramos uma referência a este texto, mesmo que por inferência. As nossas certezas devem ser levadas aos outros, mas, as nossas dúvidas devem ser levadas somente e somente só a Deus. Os problemas que o intelecto humano não compreende, deve ser colocado diretamente a Deus. Se há alguma forma que podemos de fato causar prejuízos aos Santos (crentes) é através de nossas murmurações e dúvidas.
“Quando pensava em compreender isto fiquei sobremodo perturbado” (Sl 73.16)
Ao mostrar a Jesus o mundo que seria lhe dado caso o adorasse, em outras palavras, era desta prosperidade dos ímpios que o diabo falava. Ao crente e principalmente o salmista, é muito difícil compreender isto, sem a real presença do Espírito santo.
Ao recorrermos a Bíblia de Estudo Palavras Chave, no Dicionário do Antigo Testamento, vemos que este vocábulo “perturbado”,  assume o sentido de “trabalhar duramente com enfado”, e está associada a tristeza. E não é assim? Quando nos propomos a compreender as injustiças desta vida sem a luz do Espírito Santo, nos sentimos tristes e perturbados, fadigados em nosso espírito. Isto é porque, nesta primeira parte deste salmo, o Asafe tentou compreender o que estava vendo com seus olhos naturais. Ele não estava confiando no Espírito Santo de Deus, e sim estava sendo auto-suficiente em suas próprias forças.
“até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles”. (Sl 73.17)
Temos aqui uma verdadeira conseqüência da participação ativa numa Escola Bíblica Dominical (EBD)séria, bem conduzida e comprometida com os ensinos bíblicos. Ao entrar no santuário do Deus altíssimo, abrem se o entendimento dos justos com relação aos problemas desta vida. Daí ser de extrema importância o participar na congregação. Temos  aqui uma das lições aprendidas ao entrar no lugar santo, que é compreender o fim dos ímpios.  Eis neste versículo um exemplo prático da importância da comunhão com os crentes e da instrução através da aplicação nos cultos de doutrina e ensino. Infelizmente a (EBD) e os cultos de doutrina estão sendo substituídos por movimentos apenas. Movimentos ligados ao emocional, relegando o culto racional a outros planos. O salmista é surpreendido provavelmente no momento do canto congregacional, por aquelas iluminações que recebemos quando o Espírito Santo fala aos crentes na casa de Deus.
“Certamente, tu os pusestes em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.”(Sl 73.18)
Os ímpios estão sempre expostos a justiça repentina e corretiva de Deus. Vemos nesta vida destruição súbita e inesperada de pessoas ligadas a impiedade. Isto é visto de modo espiritual, quando aprendemos que quem anda em terrenos escorregadios está sujeito a cair a qualquer momento. Lembrem-se da parábola da casa na areia e de repente vem um vento e a derruba.
Não há aviso antes da queda do ímpio e este ainda leva de roldão seus cúmplices. Há ainda o fato de que aquele que anda em terrenos lisos pode cair sozinho sem a ajuda de ninguém. Podemos até dizer que é a força da gravidade posta a serviço da Justiça divina.
Aprendamos com Jonathan Edwards que disse certa vez “Nada há que segura homens maus em algum momento fora do inferno senão a vontade de Deus.”
Vemos  que o fim dos ímpios está perto. É uma sentença judicial e repentina.
“Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” (Sl 73.19)
A  sentença judicial inclui ainda os tormentos de terrores que os consomem. Lembrem-se da parábola do Rico e de Lázaro.
Temos esta parábola no Livro de Lucas 16.19-31. Nesta história Lázaro é o único que tem nome.  Lázaro é abreviação de uma expressão hebraica que significa “aquele que Deus ajuda”.
As humilhações nesta terra são promessas de uma vida melhor ao lado de Deus, contudo, está atrelada à fidelidade que temos com Deus. O salmo mostra neste versículo a primeira visão do inferno aterrador, apresentado ao ímpio que morreu em paz.
“Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.” (Sl 73.20)
Quando é chamado até a presença de Deus, o ímpio, o rico que não se desfez das riquezas como o jovem rico da parábola, não entrará nas dependências do céu. A aparência dos ímpios para Deus é assemelhada a um objeto sobre o qual se tem desprezo. É vil.  Asafe começa a ter vergonha de ter avaliado a situação de forma superficial, pois afinal, o que importa é o fim da caminhada. A vida será melhor examinada, quando examinada à luz da eternidade.
“Asafe percebeu que o rico deposita sua esperança, alegria e confiança em suas riquezas; ele vive em um mundo de sonhos que existe somente em sua mente. Não deixe que as metas de sua vida sejam tão irreais de forma que você venha acordar tarde demais e perder de vista a realidade sobre Deus. A felicidade e a esperança devem basear-se no eterno, não em bens materiais. Como só Deus conhece a verdade, devemos aproximar-nos dEle tanto quanto possível, a fim de sermos realista em relação a vida”. (BAP p. 785)
“Assim, o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.” (Sl 73.21)
A nossa capacidade de pensamento e de meditação é estraga e impedida pela amargura que carregamos em nossos corações a respeito dos ímpios e seus triunfos. Somente o Espírito Santo pode sarar-nos.
“Assim, me embruteci e nada sabia; era como animal perante ti.” (Sl 73.22)
Este é o efeito de nossa insensibilidade a voz do Espírito Santo de Deus. Efeito de nossa ignorância nas coisas espirituais. E ao mesmo tempo a demonstração da Graça Divina sobre nós. Lembremos da letra do hino 205 da Harpa Cristã (hinário utilizado nas igrejas assembléias de Deus), que diz em seu refrão: Graça, graça, a mim basta  graça de Deus: Jesus”.

“Todavia, estou de contínuo contigo; tu me seguraste pela mão direita.” (Sl 73.23)
O salmista expressa de maneira inequívoca sua confiança em Deus. Coloca-se e reconhece que Deus é presente e direciona sua vida. É assim com os servos de Deus. Mesmo que nossas forças falhem, é Deus quem está no controle. A esperança do crente em Cristo está no fato de que seremos ressuscitados para servirmos a Deus eternamente nas Mansões Celestiais. E esta esperança não pode ser somente teórica, mas, uma concreta esperança plantada em nós pela ação do Espírito santo de Deus em nossas vidas.
“Guiar-me ás com teu conselho e, depois, me receberás em Glória.” (Sl 73.24)
Deus é o pastor de suas ovelhas, e as leva até os pastos verdejantes. E ainda fornece conselhos para esta caminhada que é a vida. Como receber estes conselhos? Ficar sensível a voz do Espírito Santo. Os que confiam serão recebidos em Glória no céu, ao passo que, os ímpios receberão os tormentos eternos no sheol.[2]
É importante notar, que temos que escutar os conselhos de Deus, para que a segunda ação se concretize.
“A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.” (Sl 73.25)
Tal qual a corça emite seus suspiros por causa das águas, pois esta representa a sua salvação. O crente suspira pela presença de Deus na sua vida. A alma do salmista tem sede de Deus. Devemos tomar o salmo como inspiração para desejarmos a deus em sinceridade. Somente um Deus há que criou o céu e a terra, e é este que encontra-se no céu de onde dirige aqueles que confiam suas vidas a Ele. O crente deve despojar de si toda ira, toda maledicência e toda palavra que seja torpe. Não deve ser malicioso. Porque esta é uma forma de demonstrar o quanto ansiamos por Deus.
“A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre.” (Sl 73.26)
O salmista diz que sua carne e seu coração poderão ser vencidos pela fraqueza. Contudo, ele encontra o consolo no fato de que tomando nota do quanto sua carne é frágil, e tudo colocando no altar ele vê a sua florescer pela ação de Deus em sua vida. Assim, somos nós, nesta época moderna, somos quase vencidos pelas vicissitudes da vida, e de repente ao dobrarmos os joelhos em oração, vemos e temos a força renovada para seguir a jornada e não desviar do caminho.
“Pois eis que os que se alongam de ti perecerão; tu tens destruído todos aqueles que, apostatando, se desviam de ti.” (Sl 73.27)
A apostasia é caracterizada pelo abandono da fé, e por último grau com uma revolta contra Deus.  Por várias ocasiões, o ímpio foi uma pessoa que esteve alinhavada pelos pensamentos de Cristo, mas por amar demais o mundo e o que nele é possível encontrar, acaba se tornando um apóstata.  O que o salmista nos fala é das tristes condições; terríveis punições daqueles que se desviam dos caminhos de Deus.
 “Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no SENHOR Deus, para anunciar todas as tuas obras.” (Sl 73.28)
A linguagem da oração nos diz que bom é estar em Deus. A linguagem da fé nos diz que devemos fazer de Deus o nosso soberano SENHOR. A linguagem do louvor nos faz proclamar os feitos de Deus.
A aproximação nossa de Deus é uma demonstração de nossa sabedoria inspirada pelo Espírito Santo.
Se aqui na terra já conhecemos o amor de Deus, através das bênçãos e dos livramentos que recebemos; quem dirá de uma eternidade inteira coberto por estas bênçãos divinais.
Para aqueles que quiserem uma comunhão com Deus aqui nesta terra, terão comunhão eternamente no céu.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Estudo Palavras-chave Hebraico e Grego. (2011). Rio de Janeiro, RJ: CPAD.
Bíblia Shedd. (2008). São Paulo: Vida Nova.
Bruce, F. (2008). Comentário Biblico NVI. São Paulo, SP: Vida.
CPAD. (2009). Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.
CPAD. (2008). Harpa Cristã. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus.
Gardner, P. (2005). Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida.
Sociedade Bíblica do Brasil. A Bíblia Sagrada- Harpa Cristã. Barueri, SP: Casa Publicadora das Assembléias de Deus.



[1] Servo de Deus. Congrega na Assembleia de Deus Missões na cidade de São João Del-Rei/MG. Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ). É estudante do Primeiro ciclo da graduação livre de Teologia e Bíblia da EETAD.
[2]  Sheol é uma palavra hebraica traduzida por inferno.

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