ALÉM DA INTELECTUALIDADE TEOLÓGICA: O SOFRIMENTO PAULINO INSPIRANDO A IGREJA MODERNA.
ALÉM DA INTELECTUALIDADE TEOLÓGICA: O SOFRIMENTO PAULINO INSPIRANDO A IGREJA MODERNA.
Jonas Dias de Souza
O apóstolo aparece pela primeira vez no
livro de Atos, ou ainda Atos dos apóstolos, e para outros eruditos Atos
do Espírito Santo. Esta primeira aparição que se dá no cap 7:58, nos
mostra ele com seu nome hebraico “Saulo”.
Aprendemos que Saulo nasceu em Tarso, na Cilícia, uma cidade cuja
localização ficava na Ásia menor, onde hoje se localiza (segundo
estudiosos) o Sul da Turquia. O fato de ser mencionado como “um jovem”
no episódio do apedrejamento de Estevão, leva a dedução de que há enorme
possibilidade de que ele seja mais novo do que Cristo. Herdeiro da
tribo de Benjamim, teve a cidadania romana, por herança de família, mas
não fica claro como sua família teria recebido ou adquirido esta
cidadania. O fato é que o próprio apóstolo reivindica seu julgamento por
César, com base neste
direito por
nascimento.
O próprio se descreve como “hebreus de hebreus”, e sendo Fariseu,
considerava zeloso ao extremo com relação à obediência das leis.
Perseguidor da igreja por seu extremado zelo. Podemos conferir por suas
palavras em Filipenses 3: 5-6
Em Atos 22:3 , o apóstolo fala de sua educação junto ao rabino mais
famosos de sua época. Possuía uma das profissões mais rentáveis para a
época que era a de fabricante de tendas, conforme vemos em Atos 18: 3
Era costume naquela época que professores e filósofos fossem sustentados
por seus alunos, o que Paulo não considerou, porque não queria ser
confundido com tais pessoas.
A conversão de Saulo e sua transformação em Paulo é talvez uma das
passagens mais conhecidas da Bíblia (mormente pelos evangélicos). Seguia
Saulo rumo a Damasco, com cartas que o autorizava a prender os
Cristãos. Contudo, apareceu-lhe Jesus, e deu novo rumo à sua vida.
Mas o enfoque de nosso artigo não é a intelectualidade paulina ou o fato
dele ter escrito grande parte dos livros existentes no Novo Testamento.
Mas o fato de que paulo sofreu para levar a cabo a missão que lhe foi
confiada desde sua cegueira.
O primeiro sofrimento começa obviamente com sua colocação na
dependência de quem o guiasse, após sua cegueira repentina. Para o homem
que ocupava uma posição de independência, se vê inopinadamente privado
da visão e conduzido por terceiros. Tem em seguida sua prova, receber
oração de um Cristão (alvo de sua sanha) . Entrou em Damasco, não como
Saulo o perseguidor, mas como um cego que aguardou por três dias a
visita de Ananias. Este orou e lhe restaurou a visão, em obediência a
uma ordem divina. O segundo sofrimento, podemos dizer que foi a
perda de seu “status quo”. Podemos por inferência, ver que ao passar
para o lado de Cristo foi desconsiderado pelos seus.
Paulo na visão divina era a pessoa ideal para naquele momento proceder a
implantação de igrejas e espalhar o evangelho. Era poliglota, tinha
entendimento teológico elevado , acostumado a discursar e a debater. A
mudança de visão com relação a Cristo, proporcionada pelo Espírito
Santo, fez do apóstolo dos gentios, uma ferramenta a serviço do reino de
Deus. Ocorre que toda ferramenta, se desgasta quando se põe a
trabalhar.
O sofrimento de Paulo foi profetizado pelo profeta Ágabo. “E,
demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome
Ágabo; e vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os
seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim
ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o
entregarão nas mãos dos gentios” (Atos 21: 10-11)
Esta profecia de caráter pessoal e que demonstra a onisciência de Deus,
mostra de antemão o que Paulo passaria para divulgar a palavra de Deus.
É na carta aos Coríntios que aprendemos com o próprio Paulo, o que ele
recebeu de castigo.
“Envergonhado o digo, como se nós fôssemos fracos, mas no que
qualquer tem ousadia (com insensatez falo) também eu tenho ousadia. São
hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de
Abraão? também eu. São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu
ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em
prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos
judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado
com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite
e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de
rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em
perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em
perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e
fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes,
em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o
cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não
enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se convém
gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que
não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às
portas da cidade dos damascenos, para me prenderem. E fui descido num
cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.” (2
Coríntios 11: 21-33) Quarenta açoites era o número máximo que podia
ser aplicado como castigo. Pode parecer irrelevante o fato de que menos
uma ou mais uma chibatada, no total, não faria diferença. Mas, para o
judeu zeloso da lei, ele estava cumprindo o que foi prescrito em
Deuteronômio.
“E será que, se o injusto merecer açoites, o juiz o fará deitar e o fará
açoitar diante de si, quando bastar pela sua injustiça, por certa
conta. Quarenta açoites lhe fará dar, não mais; para que, porventura, se
lhe fizer dar mais açoites do que estes teu irmão não fique envilecido
aos teus olhos.” (Deuteronômio 25: 2-3)
Nos tempos de Paulo, para não quebrar a lei, o número foi reduzido para
39 açoites. Esta é também uma afirmação cuja confirmação histórica não
foi encontrada. Em busca de uma confirmação, varais são as “teses” de
que esta era uma forma de aplicar o castigo por mais vezes, posto que,
se chegasse a 40, o castigo não mais poderia ser aplicado.
O que aprendemos com o sofrimento de Paulo?
Não é tarefa fácil ser crente ou missionário. No mundo moderno de
valores trocados, devemos ter como inspiração o fato de que Paulo sofreu
pelo Cristianismo.
Enquanto crentes em Cristo, somos alvos de uma guerra espiritual, onde
os açoites (à exceção dos países desprovidos de um sistema democrático e
livre) são os dardos inflamados. Batalha espiritual é algo concreto e
existe, portanto devemos ter o cuidado necessário para vigiarmos.
Devemos lembrar ainda do “espinho na carne”. Alguns estudiosos sugerem
que se tratava da malária, outros uma forma de epilepsia e outros uma
enfermidade nos olhos. O fato é que a exemplo de Paulo, devemos deixar
nossa auto-suficiência nas mãos de Deus. A humildade nos pés de Cristo é
que fará as nossas obras frutificarem.
Além dos castigos, Paulo era afligido pela suas preocupações com as
igrejas que plantava.
Lembremos de que quando estamos fracos, é que somos fortes em cristo.
“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,
nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando
estou fraco, então, sou forte.” (2 Coríntios 12:10)
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